Irmãos sim, iguais não!
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Atualmente os núcleos familiares são cada vez menores, sendo muito comum casais com apenas um filho ou uma filha. Entretanto, há os que por diversas razões, aumentam a família. Seja por escolha ou acidente, a chegada de um segundo ou terceiro filho, ou mais, sempre traz emoções e desafios à família. Um é pouco, dois é bom, três é demais?
Oferecer amor, atenção e cuidado para todos os filhos e filhas, igualmente, nem sempre é tão simples quanto parece. Educar as crianças requer dos pais, mães e cuidadores, malabarismos para lidar com muitas necessidades, paciência com tantas questões, perspicácia com as singularidades e um bom julgamento para mediar os conflitos.
A família é onde estabelecemos nossas primeiras relações que consequentemente serão nossas referências de comunicação, ética e valores. Para nós adultos, enquanto pais, mães e cuidadores, é sempre um desafio e uma responsabilidade enorme constituir uma família. O processo de desconstrução e construção é constante.
E quanto maior a família mais questões surgem diante de tantas particularidades apesar dos mesmos laços sanguíneos e/ou conviverem na mesma casa.
É possível viver coletivamente em harmonia com nossas diferenças? Para tanto é indispensável o exercício constante da empatia e da escuta afim de alcançar o equilíbrio entre tantos quereres e necessidades. Se conseguirmos isso em nosso lar: conviver com nossas diferenças em harmonia onde haja espaço para todos e as necessidades de todos sejam atendidas, conseguiremos construir uma sociedade melhor, desejo no qual muitos nós nutrimos.
Porém, com as urgências do dia a dia nem sempre conseguimos ou achamos que damos conta. Nós adultos, em nossa missão de gerir um lar e uma família, muitas vezes somos tomados por sensações de frustrações, fracassos e angustias, quando não obtemos o controle de nossas ações e emoções em nossa própria casa, mesmo pagando nossa conta.
Inspira, respira e não pira. Não esquecemos que nós somos os adultos e cabe a nós a tarefa de educar e cuidar de nossas crianças, e a executamos através de nossas posturas e linguagens. Por elas, expressamos nossa ética, nossos valores, nosso modo de julgar, por fim, nossa conduta.
Como tudo tem seu lado positivo e negativo, criar irmãos têm seus desafios particulares que é a dos cuidadores respeitarem e garantirem a singularidade de cada um.
Pode parece fácil, mas não é. Muitas vezes cometemos alguns deslizes como comparar ou querer tratar todos da mesma forma, quando cada um tem seu contexto e sua história que lhe torna único.
A relação entre irmãos traz muitas qualidades como aprender a dividir e compartilhar, a cuidar uns dos outros, a ter paciência um com o outro, a confiar, a ter empatia. Esta relação se constrói brincando e muitas vezes brigando. E são justos os momentos de brigas que se exige mais ainda a presença dos cuidadores.
A psicanalista Vera Iaconelli, especialista em parentalidade e autora dos livros: “Mal-estar na maternidade: do infanticídio à função” (Annablume, 2015) e “Criar filhos no século XXI” (Contexto, 2020), alerta às mães e pais que nem sempre os filhos serão amigos e terão afinidades. Contudo, cabe aos pais prezarem que os filhos se respeitem e se cuidem, como princípio ético básico. Não bater, não dedurar, compartilhar e dividir, são algumas regras de convívio que podem funcionar para reforçar vínculos, ainda que isso não garanta que serão melhores amigos, mas vão aprender a se respeitar e lidar com as diferenças.
A psicóloga Elisama Santos, mãe de dois e especialista em Comunicação Não Violenta e Educação Parental, autora dos livros: Comunicação Não Violenta (Record, 2019) e Por que gritamos? (Record, 2020), através de seus cursos, palestras e vídeos publicados em suas redes sociais, nos apresenta as ferramentas da Comunicação Não Violenta e da Disciplina Positiva para que as mães, pais e demais cuidadores, se alinhem com as crianças, pois a conexão é fundamental para que a educação e a relação aconteça de forma mais saudável e natural possível.
Ambas as autoras citadas, acreditam que a postura que as mães e os pais adotam em sua relações com os filhos, tem um peso substancial na relação que os irmãos vão desenvolver entre si.
Contanto, aceitar e respeitar as diferenças, dar espaço as singularidades de cada componente familiar, é de suma importância para criar vínculos saudáveis e para que o amor floresça em terreno fértil e potente. O cuidado constante pede que reguemos sempre a terra para que cada flor cresça, apareça, tão bela e única como todas as demais flores do jardim.
Maíra Castanheiro
Sou Escritora, Historiadora e tradutora. Aprendiz de jardineira Waldorf. Mãe de Mariaalice, que além de me ter feito mãe, me impulsionou a publicar meu primeiro livro: Para Maria Alice.
Em breve mais livros e mais livre.
Categorias: Singularidade
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