Flor Ela

Amor universal é o que lhe desejamos neste Dia dos Namorados

Vivemos um momento de renascimento do feminismo, popularização do termo empoderamento feminino, crescimento do movimento do sagrado feminino e valorização de qualidades femininas como a capacidade de cuidar. Ao mesmo tempo, pipocam questionamentos sobre o que significa ser homem no mundo de hoje e como a cultura patriarcal impacta a vida de cada ser humano e o planeta. Em meio a tudo isso, fala-se sobre o equilíbrio entre as energias feminina e masculina, independente do gênero, como forma de pacificar as relações e resolver distorções políticas, econômicas, sociais e ambientais enfrentadas pela humanidade. Para celebrar este Dia dos Namorados, trazemos a história de Ana Paula FiedlerDiogo Ramos, um casal que busca a integração dessas energias e o desenvolvimento do amor universal em seus corações. 

A origem do desequilíbrio das energias feminina e masculina está no surgimento do conceito de propriedade, que marcou o nascimento do sistema patriarcal. A reboque vieram os sentimentos de posse, escassez, insegurança e necessidade de conquista. A mulher passou a ser, também, propriedade do homem. Assim, o feminino foi suprimido e o masculino exaltado. Nas mulheres, esse desequilíbrio se manifesta com vitimismo, culpa e agressividade. Nos homens, com medo do fracasso, imobilismo, impotência, frustração e raiva.* Hoje, muitas mulheres e muitos homens, como Ana Paula e Diogo, têm se dedicado a transformar esse cenário, tanto externo quanto interno. 

Ana Paula, 26 anos, gaúcha de Igrejinha, trabalhava na área de marketing de uma empresa de calçados quando começou a ter crises de ansiedade e decidiu mudar de vida. Procurou apoio em retiros do sagrado feminino, mas não tinha dinheiro para participar. Ofereceu como pagamento seu trabalho de fotógrafa, então amador. Nesse processo, fortaleceu o amor próprio e encontrou na fotografia uma conexão com a espiritualidade e um propósito, especialmente registrando mulheres em processos de cura – na presença, na pureza, no nu. 

Em um congresso em São Paulo, Ana Paula conheceu Diogo, 34, natural de Curitiba, no Paraná, mas criado em Itajaí, Santa Catarina. O irmão mais novo de três irmãs, cresceu em um ambiente amoroso, com viagens e passeios, além de uma boa educação, mas não livre do machismo. Enquanto cursava Direito, Diogo começou a ter convulsões frequentes. Buscou ajuda de uma grande amiga e aconselhadora da mãe, dona Lourdes Oliveira, que passou a lhe recomendar leituras espiritualistas e alertar para a doença como insatisfação da alma com seu ofício. Acabou transformando o hobby de fotografar em profissão, atuando em publicidade e desenvolvendo projetos autorais, como o Ser homem. 

Juntos há dois anos, Ana Paula e Diogo vêm compartilhando parte dessas mudanças, entre conversas, trocas e estudos conjuntos. Ele acompanhou várias idas e vindas dela a retiros. Ela o inspirou a aprofundar o contato com sua energia feminina. 

 

As energias feminina e masculina em Ana Paula 

 

O processo de cura do feminino de Ana Paula foi muito voltado à reconexão interna com a mãe. “Quando consegui olhar para a minha mãe, honrá-la e amá-la, passei a amar mais a minha vida e o feminino que pulsa em mim. É tão importante a gente se reconectar com a primeira mulher da nossa vida.” Ela considera que isso a ajudou a encontrar sentido no trabalho como fotógrafa. “Só me sentindo mais inteira pude ver e registrar beleza nas outras mulheres.” 

Ao olhar para a mãe, torna-se inevitável olhar para o pai. E é essa experiência que Ana Paula tem vivenciado mais recentemente. “É muito especial estar com o Diogo, alguém que me chama para a cura do masculino e que também está nesse processo. Eu sei que esse movimento pode me dar ainda mais coragem para ir para o mundo.” 

Mesmo com todos os desafios, a fotógrafa diz que está sendo lindo testemunhar a transição de Diogo. “Ele sempre teve uma sensibilidade aflorada, mas também era muito racional. Eu sentia como que uma casca nele. Hoje, está mais aberto para sentir e se expressar.” 

 

As energias masculina e feminina em Diogo

 

Diogo sempre se soube sensível, mas “não sabia reconhecer o que era isso, até por um medo que todos os homens têm de perder a masculinidade se integrarem a energia feminina”. Mas ele conta que a integração de seu lado mais acolhedor, compassivo e intuitivo, na verdade, fortaleceu sua masculinidade. “Tenho reduzido a distorção do masculino descontrolado, que desperdiça energia através da raiva e de outras emoções.” 

Pelos relatos de Ana Paula sobre os retiros, ele também foi tomando consciência dos traumas causados pelas violações por parte do masculino e percebendo as distorções nos seus meios, inclusive nos grupos de WhatsApp, os quais abandonou quase que por completo. “O homem é bastante (auto)destrutivo, infelizmente. Isso os números dizem. Bebe e dirige, por exemplo. É uma cultura muito difundida, um código. Se achamos interessante e compartilhamos pornografia, imagens que deturpam a compreensão e o sentido sagrado da mulher, é porque estamos na distorção. O mesmo vale para outros vícios, como falar de bebedeira e repassar conteúdos violentos. Tudo isso é reflexo de seres que não estão em paz. Não acredito que todo mundo que está nesses grupos aprova. Às vezes, só repete para se sentir pertencente”, diz. 

“Mas estamos todos no mesmo barco. Todos temos fraquezas e sentimos vontade de chorar e de falar sobre quando nos percebemos frágeis ou não fortes o bastante. O que a gente não tem é coragem de se expor. Eu acho muito bonito que, nos grupos femininos, existe uma sororidade, uma irmandade mesmo”, complementa. Diogo admite o medo do julgamento de amigos por puxar conversas sobre esses temas. Mas tem procurado se comunicar individualmente com quem se mostra aberto. 

 

Juntos no amor pela vida e pela fotografia

 

Além de suas iniciativas individuais, Ana Paula e Diogo também fundaram a Tão ser, na qual fotografam famílias e casais, incluindo casamentos. Segundo eles, o trabalho é a materialização dessa união do feminino e do masculino. 

“Sinto que podemos falar do ser, da transcendência das polaridades, da compaixão pela alma do outro”, explica Ana Paula. “E essa compreensão não é nova ou excepcional. Pelo contrário, é milenar o conhecimento da união das polaridades ying e yang. Mas parece que a gente não se atina que essa seja, talvez, a cura não só das distorções do masculino e do feminino, mas também da nossa força interna”, complementa Diogo. 

É um mundo mais alinhado ao amor universal que Ana Paula e Diogo querem deixar para os futuros filhos. “Não podemos ficar na batalha entre o masculino e o feminino. Senão, vamos gerar crianças que repetirão os erros dos pais. Mas podemos incentivar a comunhão e o amor”, diz Diogo. “Isso tudo dentro da nossa humanidade, é claro. Deslizamos muitas vezes, mas nos mantemos atentos e acreditamos que estamos aqui para aprender”, ressalta Ana Paula. 

Para este Dia dos Namorados fica, então, a sugestão de Ana Paula de deixar de lado os apelos comerciais da data, mas garantir a celebração do amor. “É o momento perfeito para buscar dentro de si uma motivação verdadeira para estar com o outro, mergulhar nas profundezas do outro, falar, sentir. Pode ser um tempo sagrado, um lindo ritual que ultrapasse esse dia.” Nós, enamorados do Canal AMa, agradecemos Ana Paula e Diogo por compartilhar sua intimidade e disposição em contribuir para a cocriação de uma sociedade mais amorosa e compassiva.

 

Ferramentas e referências

 

Ana Paula e Diogo fazem uso de diversas ferramentas em seus processos de “equilíbrio das energias e expansão do amor”, como define Diogo. Várias estão disponíveis gratuitamente, seja online ou offline. Outras são trabalhadas com o auxílio de profissionais, como os que o casal recomenda. 

• Contato com a natureza: “É a nossa grande mãe. Então, quando estamos em harmonia com ela, automaticamente estamos fazendo essa integração”, diz Ana Paula;
• Silêncio: “Para conseguir perceber nosso mundo interno, precisamos silenciar um pouco o barulho mental, cultivar a prática do silêncio”, explica Ana;
• Meditação;
• Ioga;
• Respiração consciente;
• Pathwork (“Trabalho do caminho”, em tradução literal): técnica terapêutica que Ana Paula e Diogo exploram via YouTube e com a ajuda de Eva Pierrakos;
• Astrologia: o casal tem estudado com Rafaela Pedrosa;
Dança Terapia, com Pio Campo;
• Constelação familiar, com Letícia Becker Moreira, primeira terapeuta de Ana Paula e que continua auxiliando o casal;
• Thetahealing.

* Informações do curso “Sou Mulher”, do Moporã.

 

Fotos: Ana Paula Fiedler e Diogo Ramos

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